quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Para que serve a arte?


Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

Eu já lavei o meu carro
Regulei o som
Já tá tudo preparado
Vem que o brega é bom

Menina fique a vontade
Entre e faça a festa
Me liga mais tarde
Vou adorar vamo nessa

Gata me liga
Mais tarde tem balada
Quero curtir com você na madrugada
Dançar, pular
Até o sol raiar

Gata me liga mais tarde tem balada
Quero curtir com você na madrugada
Dançar, pular
Que hoje vai rolar

O Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Tche Tche
Gusttavo Lima e você

O Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Tche Tche
Gusttavo Lima e você

(Repete)
Se você me olhar vou querer te pegar
E depois namorar, curtição
Que hoje vai rolar

Gata me liga
Mais tarde tem balada
Quero curtir com você na madrugada
Dançar, pular
Até o sol raiar
(2x)

O Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Tche Tche
Gusttavo Lima e você

O Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Rere
Tche Tche Tche Tche
Gusttavo Lima e você

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Kes 1969

Estou à procura deste filme. Acredito que seja ele que eu assisti quando criança. Me identifiquei muito com ele! Um dos primeiros filmes da carreira do consagrado diretor Ken Loach, Kes conta a história de um menino que vive em bairro pobre da cidade que, violentado em casa e ridicularizado na escola, acha uma forma de abstrair de sua dura realidade treinando um falcão.

Eu encontrei o filme, era Montanha mágica, ou algo assim, vou procurar novamente e atualizar aqui. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Seriados

★★★★★
Contos da Cripta o melhor
Um amor de Família, fantástico!

Arquivo-X, o seriado que eu mais me identifiquei, pena que o final foi "qualquer coisa"

Hilário!Roma: na medida correta. Ótimo roteiro
A primeira temporada foi impecável.
★★★★
Boardwalk Empire
Flasforward

Alguns episódios nem parece um holocausto zumbi, me lembra "A Fazenda"

Ácido e sarcástico!
Ótimo seriado.
Já passei boas tardes assistindo esse psicopata.
Com a morte do ator principal não sei como vai ficar.
Nunca gostei tanto quanto "Arquivo X" mas é um ótimo seriado!
★★
Bom roteiro, espero que não se atrapalhem.
★★

Seria meu seriado preferido mas o final... uma droga!
Se tivesse terminado na primeira temporada como previsto teria sido eletrizante. Devido ao sucesso, decidiram prolongar. Enquanto na primeira temporada eu não conseguia parar de ver, na segunda eu dormia!


Depois que a Lana Lang virou bruxa eu parei de ver. Forçaram a barra demais.

domingo, 23 de outubro de 2011

A Árvore da Vida

Nem mesmo a deseducação de algumas distintas senhoras que insistem em frequentar "O Clube do Professor" aos sábados, sem a mínima noção de civilidade e bom senso, conseguiram estragar o encanto sublime de "A Árvore da Vida" com o impecável Brad Pitt e a encantadora Jessica Chastain. Este filme filme dirigido por Terrence Malick trás uma reflexão filosófica e teológica sobre a existência.

Senhoras, desliguem os malditos celulares no cinema. Lá é um local de sociabilidade, você não está na sala da sua casa. Outras pessoas admiram o cinema como uma arte. Se para vocês é apenas um momento de distração de suas existências mediocres, fiquem no parque Halfeld fazendo tricô.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nelson Rodrigues

LinkOs que propõem um banho de sangue

Nelson Rodrigues
“O Reacionário”

Preliminarmente, devo confessar o meu horror aos intelectuais ou, melhor dizendo, a quase todos os intelectuais. Claro que alguns escapam. Mas a maioria não justifica maiores ilusões. E se me perguntarem se esse horror é recente ou antigo, eu diria que é antigo, muito antigo. A inteligência pode ser acusada de tudo, menos de santa.

Tenho observado, ao longo de minha vida, que o intelectual está sempre a um milímetro do cinismo. Do cinismo e, eu acrescentaria, do ridículo. Deus ou o Diabo deu-lhes uma cota exagerada de ridículo. Vocês se lembram da invasão da Tcheco-Eslováquia. Saíram dois manifestos de intelectuais brasileiros. (Por que dois, se ambos diziam a mesma coisa? Não sei.) Contra ou favor? Contra a invasão, condenando a invasão. Ao mesmo tempo, porém, que atacava o socialismo totalitário, imperialista e assassino, concluía a Inteligência: — “O socialismo é liberdade!”. E ainda lhe acrescentava um ponto de exclamação.

Vocês entendem? Cinco países socialistas estupravam um sexto país socialista. Este era o fato concreto, o fato sólido, o fato inarredável que os dois manifestos reconheciam, proclamavam e abominavam. E, apesar da evidência mais espantosa, os intelectuais afirmavam: — “Isso que vocês estão vendo, e que nós estamos condenando, é a liberdade!”.

E nenhum socialista deixará de repetir, com obtusa e bovina teimosia: — “Socialismo é liberdade!”. Bem. Se o problema é de palavras, também se poderá dizer que a burguesia é mais, ou seja: — “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Mas o que importa, nos dois manifestos, é que um e outro se fingem de cegos para o pacto germano-soviético, para o stalinismo, para os expurgos de Lênin, primeiro, e de Stalin, depois, para os assassinatos físicos ou espirituais, para as anexações, para a desumanização de povos inteiros.

Se os intelectuais fossem analfabetos, diríamos: — “Não sabem ler”; se fossem surdos, diríamos: — “Não sabem ouvir”; se fossem cegos, diríamos: — “Não sabem ver”. Por exemplo: — d. Hélder. Bem sei que na sua casa não há um livro, um único e escasso livro. Mas o bom arcebispo sabe ler os jornais; viaja; faz um delirante e promocional turismo. E, além disso, vamos e venhamos: — nós estamos esmagados, obsessivamente, pela INFORMAÇÃO. Outrora uma notícia levava meia hora para chegar de uma esquina a outra esquina. Hoje não. A INFORMAÇÃO nos persegue. Todos os sigilos são arrombados. Todas as intimidades são escancaradas. D. Hélder sabe que o socialismo é uma bruta falsificação. Mas, para todos os efeitos, o socialismo é a sua pose, sua máscara e seu turismo.

O socialista que se diz anti-stalinista é, na melhor das hipóteses, um cínico. Os habitantes do mundo socialista, por maior que seja o seu malabarismo, acabarão sempre nos braços de Stalin. Admito que, por um prodígio de boa-fé obtusa, alguém se iluda. Não importa. Ainda esse é stalinista, sem o saber.

Bem. Estou falando, porque estive outro dia numa reunião de intelectuais. Entro e, confesso, estava disposto a não falar de política, nem a tiro. Eu queria mesmo era falar do escrete, o abençoado escrete que em terras do México conquistou a flor das vitórias. Logo percebi, porém, que a maioria ali era antiescrete. Já que tratavam mal a vitória e a renegavam, esperei que tratassem de simpáticas amenidades.

E súbito um dos presentes (socialista, como os demais) vira-se para mim. Há dez minutos que me olhava de esguelha e, fingindo um pigarro, interpela-me: — “Você é contra ou a favor da censura?”. Eu só tinha motivos para achar uma graça imensa na pergunta. Comecei: — “Você pergunta se a vítima é contra ou a favor? Sou uma vítima da censura. Portanto, sou contra a censura”.

Nem todos se lembram de que não há um autor, em toda a história dramática brasileira, que tenha sido tão censurado quanto eu. Sofri sete interdições. Há meses, proibiram no Norte minha peça Toda nudez será castigada. E não foi só o meu teatro. Também escrevi um romance, O casamento, que o então ministro da justiça interditou em todo o território nacional. E quando me interditavam, que fazia, digamos, o dr. Alceu? Perguntarão vocês: — “Nada?”. Se não tivesse feito nada, eu diria: — “Obrigado, irmão”.

Mas fez, e fez o seguinte: — colocou-se, com toda a sua ira e toda a sua veemência, ao lado da polícia e contra meu texto. Em entrevista a O Globo declarou que a polícia tinha todo o direito, toda a razão etc. etc. Anos antes o mestre também fora a favor da guerra da Itália contra a Abissínia, a favor de Mussolini e contra a Abissínia, a favor do fascismo, sim, a favor do fascismo.

Não tive ninguém por mim. Os intelectuais ou não se manifestavam ou me achavam também um “caso de polícia”. As esquerdas não exalaram um suspiro. Nem o centro, nem a direita. Só um Bandeira, um Gilberto Freyre, uma Raquel, um Prudente, um Pompeu, um Santa Rosa e pouquíssimos mais — ousaram protestar. O Schmidt lamentava a minha “insistência na torpeza”. As senhoras me diziam: — “Eu queria que seus personagens fossem como todo mundo”. E não ocorria a ninguém que, justamente, meus personagens são “como todo mundo”: — e daí a repulsa que provocavam. “Todo mundo” não gosta de ver no palco suas íntimas chagas, suas inconfessas abjeções.

Portanto, fui durante vinte anos o único autor obsceno do teatro brasileiro. Um dia, doeu-me a solidão; e fui procurar um grande jornalista. Levava a minha mais recente peça interditada, o Anjo negro. Eu queria que o seu jornal defendesse o meu teatro. Eram dez da manhã e já o encontrei bêbado. Era um homem extraordinário. Um bêbado que nem precisava beber. Passava dias, meses sem tocar em álcool e, ainda assim e mais do que nunca, bêbado. Recebeu-me com a maior simpatia (e babando na gravata). Ficou com o texto e mandou-me voltar dois dias depois. Quando o procurei, no dia certo, continuava embriagado. Devolveu-me a cópia; disse: — “Olha aqui, rapaz. Até na Inglaterra, que é a Inglaterra, há censura. O Brasil tem que ter censura, ora que graça! Leva a peça. Essa não. Faz outra e veremos”.

Quanto à classe teatral, não tomou conhecimento de meus dramas. No caso de Toda nudez será castigada, seis atrizes recusaram-se a fazer o papel, por altíssimos motivos éticos. Claro que tanta virtude me deslumbrara.

Volto à reunião de intelectuais. Estava lá um comunista que merecia dos presentes uma escandalosa e diria mesmo abjeta admiração. Era talvez a maior figura das esquerdas. Comunista de partido, tinha sobre os outros uma ascendência profunda. Em torno dele, os demais assanhavam-se como cadelinhas amestradas. Um ou outro é que preservara uma sofrível compostura. E então o mesmo que me interpelara quis saber o que o grande homem achava da censura. Ele repetiu: — “O que é que eu acho da censura?”. Apanhou um salgadinho e disse: — “Tenho que ser contra uma censura que escraviza a inteligência”.

As pessoas se entreolhavam, maravilhadas. Quase o aplaudiram, e de pé, como na ópera. Um arriscou: — “Quer dizer que”. O velho comunista apanhou outro salgadinho: — “Um homem como eu jamais poderia admitir a censura”. Foi aí que dei o meu palpite. Disse eu. Que foi mesmo que eu disse?

Disse-lhe que um comunista como ele, membro do partido ainda em vida de Stalin, não podia sussurrar contra nenhuma censura. Devia querer que o nosso governo fizesse aqui o Terror stalinista. Devia querer o assassinato de milhões de brasileiros. Não era assim que Lênin e Stalin faziam com os russos? E ele, ali presente, devia querer a interdição de intelectuais nos hospícios, como se doidos fossem. A Inteligência que pedisse liberalização tinha que ser tratada como uma cachorra hidrófoba. Mao Tse-tung vive de Terror. Vive o Terror. Mao Tse-tung é Stalin. Lênin era Stalin. Stalin era Stalin. Quem é a favor do mundo socialista, da Rússia, ou da China, ou de Cuba, é também a favor do Estado assassino.

Fiz-lhes a pergunta final: — “Vocês são a favor da matança do embaixador alemão?”. Há um silêncio. Por fim, falou o comunista: — “Era inevitável”. E eu: — “Se você acha inevitável o assassinato de um inocente, também é um assassino”. E era. Assassino sem a coragem física de puxar o gatilho. Parei, porque a conversa já exalava a febre amarela, a peste bubônica, o tifo e a malária. Aquelas pessoas estavam apodrecendo e não sabiam.


[3/7/1970]

Por Rodrigues, Nelson. O reacionário: memórias e confissões. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 168.

domingo, 25 de setembro de 2011

Filmes assistidos no cinema: 31 filmes

★★★★★

★★★★




★★★















★★


NOTA 0

Este foi o primeiro filme que me fez sair no meio da sessão