Neruda e a bússola da vida
Morre
lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os
dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir
uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o
branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de
emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos
bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem
não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca
o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite
pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não
pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe
indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar.
Obrigado Neruda, apesar dos 8 anos que separam a sua morte e o meu
nascimento eu me sinto essencialmente transformado por visitar sua casa e
ler suas lembranças e poesias.
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