terça-feira, 25 de agosto de 2020

Frases do livro

 Se podemos viver apenas uma pequena parte do que há dentro de nós o que acontece com o resto?


Vivemos aqui e agora. Tudo o que aconteceu antes ou em outros lugares é passado, em grande parte esquecido


O que poderia...O que deveria ser feito com o tempo que temos pela frente? Em aberto e ainda sem forma, leve como o ar em sua liberdade e pesado como chumbo em sua incerteza. É um desejo, um simples e nostálgico sonho voltar a determinado ponto de nossa vida e poder tomar um rumo completamente diferente daquele que fez de nós quem somos.


Do ponto de vista da eternidade isso certamente perde seu significado.


Deixamos algo de nós para trás ao deixar um lugar. Permanecemos lá, apesar de termos partido. E há coisas em nós que só reencontramos ao voltar. Viajamos ao nosso encontro quando vamos a um lugar onde vivemos parte de nossa vida por mais breve que tenha sido. Mas indo ao nosso encontro, temos de confrontar nossa solidão. E não é por isso que tudo o que fazemos se deve ao medo da solidão? Não é por isso que renunciamos às coisas das quais nos arrependemos no final de nossas vidas?


Será basicamente uma questão de autoimagem a ideia que criamos para nós mesmos o que é preciso realizar e vivenciar para que possamos aprovar a vida que vivemos? Se for o caso pode-se descrever o medo da morte como o medo de não ser capaz de ser quem planejamos ser. Se cair sobre nós a certeza de que essa plenitude nunca será atingida subitamente, não saberemos viver o tempo que já não pode fazer parte de toda uma vida.


O verdadeiro diretor da vida é o acaso, um diretor repleto de crueldade, de compaixão, de encontro fascinante.


Os momentos decisivos da vida quando sua direção muda para sempre, nem sempre são marcados por melodramas ruidosos. Aliás, os momentos dramáticos das experiências determinantes são frequentemente muitíssimo discretos. Quando exibem seus efeitos revolucionários e garantem que a vida seja revelada em uma nova luz, isso acontece silenciosamente. E é nesse maravilhoso silêncio que está sua especial nobreza.


Passei 1922 dias no Liceu em que meu pai me colocou. Era a escola mais rígida de todo o país. No terceiro dia, percebi que tinha de contar os dias para não ser esmagado por eles.


Não gostaria de viver num mundo de catedrais. Preciso da beleza e grandiosidade delas fazendo frente às cores sujas das fardas. Gosto das palavras fortes da bíblia. Preciso da alegria de sua poesia. Preciso disso para fazer frente à decadência da língua e à ditadura de slogans inúteis. Mas há outro mundo no qual não quero viver. Um mundo onde o pensamento independente é depreciado e as coisas que mais apreciamos são denunciadas como pecado. Um mundo onde nosso amor é exigido por tiranos, opressores e assassinos. Onde, absurdamente, as pessoas são incentivadas pelo púlpito a perdoar essas criaturas e até a amá-las. É por essa razão que não basta ignorar a Bíblia. Temos de jogá-la fora de vez, pois só fala de um Deus vaidoso e hipócrita. Em Sua onipresença, Deus nos vigia dia e noite. Toma nota dos nossos atos e pensamentos. Mas o que é um homem sem segredos? Sem pensamentos e desejos que só ele conhece? O nosso Senhor Deus não considera que nos rouba a alma com a sua curiosidade? Uma alma que deveria ser imortal. Mas quem, de verdade, iria querer ser imortal? Que tédio saber que o que acontece hoje, este mês, este ano, não importa! Nada teria importância. Ninguém aqui sabe o que seria viver eternamente. E é uma benção nunca sabermos. Uma coisa eu garanto. Este eterno paraíso da imortalidade seria infernal. É a morte, e somente a morte que dá a cada momento beleza e horror. Apenas pela morte o tempo ganha vida. Por que Deus não sabe disso? Por que nos ameaça com uma eternidade que só pode ser insuportavelmente vazia? Não gostaria de viver num mundo sem catedrais. Necessito do brilho dos vitrais, da sua fresca imobilidade, do seu imperioso silêncio. Preciso da santidade das palavras, da grandiosidade da boa poesia. Na mesma proporção, preciso da liberdade de me revoltar contra tudo o que é cruel neste mundo, pois um não é nada sem o outro. E ninguém pode me obrigar a escolher.


Deixamos algo de nós para trás ao deixar um lugar. Permanecemos lá, apesar de termos partido. E há coisas em nós que só reencontraremos ao voltar. Viajamos ao nosso encontro quando vamos a um lugar onde vivemos parte de nossa vida por mais breve que tenha sido. 

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