segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Esse contraste aparece nitidamente durante uma entrevista concedida para a rádio BBC em 1964 conduzida por Denys Gueroult. Quando perguntado por sua afeição pelas coisas simples e confortáveis do Condado: a lareira, a comida, os jardins e o cachimbo, Tolkien é enfático:

"O Condado é bem o tipo de mundo no qual eu, pela primeira vez, me tornei ciente das coisas. O que foi talvez seja um pouco delicado para mim porque não nasci nele. Eu nasci em Bloomfontaine na África do Sul. Eu era muito jovem quando voltei, mas ao mesmo tempo algumas lembranças permanecem vivas em sua memória e imaginação, mesmo que você não pense que não as tenha guardado. Se a sua primeira árvore de Natal é um eucalipto murcho e você fica incomodado com a areia e com o calor. Então, justamente quando sua imaginação começa a se expandir você encontra-se em uma tranquila aldeia de Warwickshire, acaba por gerar um determinado amor pelo que poderiamos chamar de interior inglês das Midlands centrais. Baseado em boa água, pedras e olmos, pequenos e tranquilos riachos e assim por diante e, é claro, camponeses nos arredores.

Tolkien justifica a lembrança da África do Sul. Para uma criança uma mudança repentina e drástica como essa torna-se consciente. Ajustar o seu presente às memórias do passado torna tudo mais nítido.

"Consequentemente", alega ele, "lembro-me das coisas extremamente bem, consido lembrar de ter me banhado no oceano índico antes dos dois anos de idade."


Em minha opinião Tolkien esquivava-se muito bem com as constantes alegorias que tentavam imprimir à sua obra. Quando questionado em uma entrevista para a radio BBC se Frodo teria, em sua essência, nada de Cristo ou Buda em sua fé e perseverança.

"Creio eu que isso se pareça mais com uma alegoria da raça humana. Eu sempre tive a impressão de que estamos aqui sobrevivendo por causa da coragem invencível de pessoas pequenas e anônimas contra chances impossíveis: selvas, vulcões, animais selvagens..."


"Me dê um nome e isso produz uma história, e não o contrário, como é feito normalmente."

Finlandês e o Galês foram línguas extremamente importantes para compor a sonoridade das línguas criadas por Tolkien.

"Na minha idade, eu sou exatamente o tipo de pessoa que viveu dentro de um dos mais rápidos períodos de mudança conhecidos na história. Certamente nunca houve em setenta anos tantas mudanças

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