domingo, 22 de abril de 2018

Eu tenho uma relacao estranha com o tempo.

Como historiador eu sou apaixonado pelo passado. Amo D. Pedro II como quem ama um avo querido. Impossivel nao sentir empatia por um homem que construiu tantas escolas, amou tanto um país e que, mesmo sendo imperador, tudo que desejava nos dias quentes era subir a serra para ler seus livros na paz de Petropolis.

Entretanto, esse fascinio pelo passado replica-se a outras coisas. Sobretudo em minha propria historia pessoal.

Eu nunca tenho consciencia de que vivo algo sagrado. So anos mais tarde eu percebo o quao importante foi aquela amizade ou um relacionamento, sendo que no momentos em que eu vivia nada significavam.

Isso tem um lado ruim, eu nunca acredito que relacoes sagradas possam ser construidas da mesma forma no presente. Sabe quando vc conclui que nao existem novas amizades? Que amigos mesmo sao os da infancia e que os novos sao colegas?

Talvez, a unica pessoa que me deixe plenamente consciente de sua importancia no meu presente seja meu avo. Também, desde que nasci esse senhorzinho eh meu amigo, minha mais antiga amizade, antes de nascer eu ja era amado.

Isso eh uma ilha sagrada em meio a relacoes tao pragmaticas.

mesmo um excesso de possibilidades boas me assusta.  O futuro nao me parece melhor que o passado, nunca, ou quase nunca.

Nenhum comentário: